"Eu não interpreto sonhos, eu recebo sonhos" Ailton Krenak
Sonhei o Altar,
e nele coloquei todos os corações
que já me tocaram,
desde os que me deram a vida,
aqueles a quem doei vida.
Aos que foram só um sorriso,
e aos que têm morada permanente nesta luz.
Coloquei flores
que representam a cor, os cheiros e a impermanência de tudo,
Coloquei as pedras duras e afiadas
pelo que me ensinaram até agora,
Coloquei ramos de árvores centenárias,
para contemplar a sua sabedoria,
Coloquei uma pena,
para me ensinar sobre a leveza e o voar,
Coloquei os meus medos,
para não me esquecer de os olhar nos olhos,
Coloquei um abismo,
para me ensinar sobre a coragem e a fé,
Coloquei uma flauta,
para o bailado das Fadas,
Coloquei musgo macio,
para me entregar em completa rendição,
Coloquei búzios,
para poder escutar as ondas do mar,
Coloquei os meus véus e neblinas,
para que sejam dissolvidos,
Coloquei o meu tear encantado,
onde tenho tecido as vestes que quero levar para o Outro Mundo,
Coloquei o cálice,
da água límpida da Alma,
Coloquei esta demanda, que é a Vida... E quando abracei o Altar...
Todos os elementos que coloquei neste lugar sagrado,
abriram asas de borboleta,
e voaram para dentro de mim...
Recebi este sonho...
e as asas que agora habitam em mim,
levam-me desde aqui,
até aos recantos mais misteriosos que já vi...
e as asas que agora habitam em mim,
levam-me desde aqui,
até aos recantos mais misteriosos que já vi...
Imagem: cathy McClelland
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