O SONHO DE GAIA

O Dragão veio ao final da tarde... Quando a luz do dia já se tinha despedido, com todo o seu esplendor... com todos os tons quentes de fogo que o sol irradia...  As estrelas começavam a pouco e pouco a dança das constelações no céu... Acendiam pontos luminosos e cintilantes e devolviam-me a percepção da existência de uma imensidão sem fim acima do Mundo dos Homens. O Dragão pousou gentilmente no chão, recolheu as grandes asas... E aproximou-se de mansinho... Fixou o olhar no meu... e senti-me invadida por uma saudade de algo distante...indecifrável... como se de repente, Deus tivesse entrado em mim... Convidou-me para voar com ele... Segredou-me algo, numa língua antiga... E por momentos...foi como se toda a história da humanidade, fosse a minha própria história...  Podiam ter passado milénios ou segundos... Nunca saberei dizer... Mas só me lembro... de a seguir estar no dorso do Dragão... Voámos bem alto e... de repente ele abrandou o ritmo... Pediu-me ...

Pergunta: Onde nos perdemos tão dramática e profundamente da nossa própria humanidade ? Algures no caminho de cada um de nós, e porque sentimos dor de alguma espécie, construímos camadas protetoras, adquirimos padrões de defesa e falta de autenticidade, para nos refugiarmos algures num sitio dentro de nós próprios que julgamos seguro...  Em vez de expormos a nossa individualidade, tudo aquilo que torna cada um de nós uma preciosidade e contribuir dessa forma para o Todo, fugimos do que nos torna verdadeiramente Humanos!  E assim, se vulgariza a violência, a hipocrisia e a mentira...  Mas só o caminho iniciático...de integridade, de vulnerabilidade, de aceitação dos nossos medos, que são semelhantes aos medos dos outros, de entrega, de transparência, de empatia, de receber e nos doar ao outro...conseguiremos chegar perto da nossa essência... Só quando de forma consciente...deixarmos de espelha...