Em "Mulheres que correm com os Lobos" de Clarice Pinkola Estés, uma das lendas mencionadas é a de uma Mulher - La Loba, aquela que recolhe ossos, principalmente de lobos, os volta a juntar e canta para eles... até que músculos, pele e pêlo começam a nascer...
La Loba canta até que o Lobo comece a respirar...ganhe vida... e corra veloz pelo desfiladeiro.
Em algum ponto desta corrida, o Lobo de repente transforma-se numa mulher que ri e corre livre...
Ao ler as folhas do livro, onde esta lenda é descrita...num ápice...
fiquei criança novamente …
aconchegada no sono do Lobo...
Os nossos sonhos entrelaçaram-se...
e vi quando este lobo ganhou vida através dos cânticos...
vi o sopro da existência voltar a animar o seu corpo e o sangue, como um rio interno, a correr vibrante quando o coração voltou a bater...
Vi os caminhos já percorridos, as luas a que uivou, a alcateia a que pertence e os seus laços indestrutíveis, a passagem das estações, as crias que nasceram, os ensinamentos que passam dos mais velhos para os mais novos, a sua sabedoria intrínseca ...mas, sobretudo, assimilei dentro de mim, no meu corpo de menina, aquela natureza selvagem comum aos lobos e às mulheres...
Sabia que iria precisar dela... dessa essência ...durante a minha vida !
Guardo-a desde menina, no mais profundo do meu Ser e... sempre que aqui, no Mundo dos Homens, preciso relembrar Quem Sou... corro, danço e rio com essa natureza selvagem...que um dia o sonho de um Lobo me mostrou...
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