Equinócio de Outono...
Dia e noite em perfeito equilíbrio...
A celebração do Verão,
Do quente e do fogo,
esmorece e dá lugar às águas...
Das colhetas da terra e das minhas colheitas,
guardo uma semente,
no sitio mais quente e acolhedor,
para que sobreviva às chuvas e mais tarde ao gelo...
Na companhia do Urso,
entro numa caverna iluminada...
É o prenúncio...o começo da caminhada,
rumo à hibernação que se aproxima na estação seguinte...

Lá em cima, no céu,
a Ursa Maior orienta cada passo a dar... 
Foi o Urso que me ensinou,
que na solidão,
se rompem véus,
se apuram os instintos naturais,
se digere a tristeza e as lágrimas,
se sonha tão profundamente,
que quando acordamos novamente,
somos o somatório de nós próprios mais um pedaço do que sonhámos...

Hoje, as águas correm livres nos meus olhos...
Lembro uma Ilha tão distante no tempo,
mas tão próxima no Coração...
É a única que me pode dar abrigo hoje...
algum alento a este rio que corre sem rumo... 
Deito-me numa cama de folhas macias...
o cheiro que emanam é tão familiar,
que beijo a terra em reverência... 

Coloco uma vela no Altar,
para que me ilumine...
Para que não me perca na caminhada da noite...
Sei que caminho no labirinto eterno,
tenho o manto nos ombros,
mas para onde vou ...é um mistério...