Nasceu na Alma, tornou-se pássaro de asas grandes embalado pelo vento, voou em direcção ao coração e expandiu-se em infinitos caminhos...é assim o meu sonho !

Gaia e os Filhos das Estrelas voltaram a dançar juntos.

Reacenderam o Fogo do Amor dedicado à Mãe Sagrada.

É a NOSSA LUZ que volta a brilhar...


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terça-feira, 22 de novembro de 2011

História do Reino do Fundo do Mar

Escrevi esta história para a minha filha, Menina das Ondas, Sereia a viver em Terra....
Nota: Qualquer divulgação, deverá sempre respeitar a autoria da história.



Era uma vez um Reino do Fundo do Mar. A sua existência perdia-se no tempo. O Reino do Fundo do Mar era habitado pelo Povo das Sereias e dos Príncipes das Ondas. Este Povo tinha construído um verdadeiro império submarino, invisível aos olhos do mundo da superfície.

Havia palácios feitos das mais belas conchas, jardins de corais que eram como verdadeiras florestas no fundo do mar, uma infinidade de grutas, peixes e seres marinhos de todas as espécies conviviam com as Sereias e os Príncipes das Ondas.

Desde há séculos que as Sereias acompanhavam os navios nas suas travessias pelos oceanos. E, desde há séculos, que os marinheiros achavam que elas eram uma lenda. Imortalizaram a sua beleza e as suas canções, pensando sempre que se tratava de pura ilusão, da sua imaginação a fervilhar em pleno mar. As sereias riam e divertiam-se a brincar com os viajantes. Apareciam, cantavam, mergulhavam novamente, deixando-os baralhados.
Mais tarde, em cada porto em que atracavam, os marinheiros contavam mil e uma histórias de sereias lindas que lhes lançavam os seus feitiços e os deixavam maravilhados.
Homens do mar e as suas sereias! Loucos feitos de sal e de espuma! – dizia quem os ouvia.

O mar adorava as suas sereias: embalava-as durante a noite e elas sonhavam com os melhores sonhos do mundo. Reflectia o seu azul mais intenso para que as suas caudas brilhassem enquanto nadavam.

Enquanto as sereias cuidavam do lado encantado do Reino do Fundo do Mar, os Príncipes das Ondas eram os grandes construtores do reino. Eram eles que erguiam os palácios, que faziam os grandes jardins de corais, que cuidavam do Fundo do Mar com todo o seu empenho.

Em frente ao mar havia uma casa de madeira, onde morava uma menina com a sua mãe. A menina chamava-se Amura e tinha o cabelo da cor do sol. A casa tinha um jardim com malmequeres e era aí que a menina se sentava a ouvir as histórias do mar que a sua mãe lhe contava.

Há um Reino do Fundo do Mar muito belo. É onde vivem as Sereias e os Príncipes das Ondas – dizia a mãe.

Como é que sabes, mãe? – perguntava Amura

Porque já andei por lá muitas vezes. O Reino do Fundo do Mar aparece sempre que fecho os olhos e ouço o mar.
Sabes, se ouvires com muita atenção o mar conta-te as mais belas histórias. Só precisas de o saber escutar. Deixas-te ir nas suas ondas, ele entra na tua alma e ficam um só – respondeu a mãe.

Nesse dia, quando Amura foi à praia, ficou junto ao mar, fechou os olhos e deixou-se levar pelo seu murmúrio. As ondas batiam na areia e os salpicos molhavam-lhe o rosto.

Olá – disse uma voz vinda da água.

Abriu os olhos. À sua frente estava uma sereia!

Olá – respondeu Amura. Mas….. tu és uma sereia!

Claro que sou - riu ela e continuou: 
Tu também és uma sereia!  Só que vives em terra.
Há muito, muito tempo, algumas sereias tiveram curiosidade de conhecer o mundo para além do mar. Foi então que viveram durante uns tempos na praia.
Numa noite de mau tempo, um grande barco procurou abrigo nessa praia. Os marinheiros, ao verem sereias tão belas, apaixonaram-se por elas. Navegavam pelos mares, mas voltavam sempre àquela praia, onde as sereias os esperavam. Foi assim, que o Povo do Reino do Fundo do Mar começou a viver também em terra. Tu também pertences ao nosso povo. Podes vir comigo, conhecer o nosso Reino. O mar vive na tua alma, assim como na minha.

Foi assim que começou uma grande amizade entre Amura e a sereia Rana. Amura visitou o Reino do Fundo do Mar e ficou maravilhada.


Era um mundo belo, de uma leveza sem fim. Rana ensinou-lhe a respirar debaixo de água, a deslizar o corpo suavemente entre os corais, os peixes e as plantas marinhas. Apresentou-a às outras Sereias e aos Príncipes das Ondas.

A pouco e pouco, Amura aprendeu a amar o mar, o seu Reino submarino e os seus habitantes. Quando chegava a casa contava as suas viagens à mãe, que a ouvia deliciada.

Um dia, quando Amura, Rana e outras Sereias e Príncipes brincavam numa floresta de corais, avistaram algo que brilhava intensamente, meio enterrado na areia. Começaram a escavar à volta e perceberam tratar-se de uma grande arca de madeira, com uma tampa incrustada de búzios e pérolas do mar.

É linda! – disse Amura.
 Será que conseguimos abri-la?

Vamos tentar. Quem sabe se guarda um tesouro – disse Rana entusiasmada.

Não foi tarefa fácil, mas por fim a tampa cedeu e abriu-se, deixando ver o seu conteúdo. Todos olharam expectantes. Dentro da grande arca estava um livro de capa dourada e, gravado a letras pretas, o título: “Livro Mágico do Reino do Fundo do Mar”.
Havia também um rolo de pergaminho que, quando desenrolado, mostrou um mapa e uma caixa que quando aberta libertava um música extraordinária. Uma música que encantou todos à sua volta.
Sentiram-se como se o tempo tivesse parado e tudo em seu redor ficasse subitamente mais belo que nunca.

O que significam estes achados? – interrogou-se Rana. 
É melhor levarmos a arca com os seus pertences ao Palácio do nosso Rei. Talvez ele nos possa ajudar.

E assim fizeram. O Rei quando viu a Arca, abriu os olhos de espanto.

Vocês encontraram a Arca Perdida do Reino! – disse.
Que achado mais precioso! Desde há muito que tentamos descobrir o paradeiro da Arca. Ela significa a salvação do nosso Reino.

A salvação do nosso Reino? Mas... o Reino corre algum perigo? – perguntou Amura

É uma longa história – respondeu o Rei.
Por favor digam às Sereias e aos Príncipes das Ondas para se reunirem aqui no meu Palácio. Preciso de falar com o meu Povo.

E o Rei contou a seguinte história a todos:

Há muito tempo atrás, um navio pirata passou perto do nosso Reino, embateu contra uns rochedos e acabou por afundar-se. Os piratas ao verem Reino tão belo quanto o nosso, quiseram saqueá-lo e dominar o nosso Povo.
Nós resistimos e conseguimos expulsá-los, mas eles conseguiram roubar os 3 Tesouros do Reino: o Livro Mágico do Reino do Fundo do Mar, o Mapa e a Caixa de Música.
Guardaram os tesouros numa Arca e esconderam-na.
Procuramos essa Arca desde então, mas nunca conseguimos localizá-la. Sem os Tesouros, o nosso Reino estaria condenado, mais cedo ou mais tarde a desaparecer.
O Livro conta a história do nosso Povo e ensina as magias para que possamos viver e prosperar no mar para sempre. O último capítulo do Livro diz que, no começo de cada novo milénio da Eternidade do Mar é preciso colocar o Grande Búzio no cimo da coluna que se encontra na entrada do nosso Reino, abrir a Caixa para que a sua música se liberte e encha o coração de todos. Só assim poderemos dar início a um novo milénio e garantir a nossa existência, longe dos olhares do mundo visível.
É o Mapa que nos dirá qual a localização actual do Grande Búzio, que muda a cada novo milénio. Depois de permanecer durante 7 dias no cimo da coluna, é guardado numa gruta diferente de todas as anteriores, pois só assim é possível manter o seu poder. O Mapa é então actualizado, para que no milénio seguinte possamos ir novamente buscá-lo e renovar o ritual e é realizada uma festa em homenagem ao novo tempo que começa.
Como sabem, vamos iniciar um novo milénio dentro de 3 dias. Precisamos de localizar a gruta que guarda o Búzio, ir buscá-lo e preparar este novo começo.



Estive a analisar o Mapa e, a gruta onde se encontra presentemente o Grande Búzio, ainda fica distante.
É necessário organizar um grupo de Sereias e Príncipes para que possam partir imediatamente. Proponho que as Sereias Amura e Rana e os meus 2 filhos Príncipes das Ondas se preparem para iniciar esta viagem.
Todos os outros têm que ajudar na preparação da festa que se irá realizar após os 7 dias em que o Búzio terá que permanecer no cimo da coluna.

O grupo guardou o Mapa e partiu de imediato.
O Rei, grande conhecedor do mar, deu algumas indicações muito úteis, para que pudessem no mais curto espaço de tempo, encontrar a gruta.
O tempo escasseava, era necessário apressarem-se.

Que o mar seja vosso aliado e vos conceda a ajuda necessária à vossa missão – despediu-se o Rei.

Partiram já ao final da tarde. Tinham os 3 dias seguintes para regressarem com o Búzio. A maré estava calma e as duas Sereias e os dois Príncipes nadaram o mais depressa que lhes foi possível. Chegaram nessa mesma noite ao território das Tartarugas Roxas, que estavam na época dos nascimentos. As Tartarugas acolherem os viajantes, que se deixaram contagiar pela alegria que aquela época proporcionava. As Tartarugas Matriarcas ajudaram-nos a traçar o melhor caminho para o dia seguinte e mostraram-lhes a extensão do seu território. Depois,  prepararam uma refeição para todos e depois fizeram silêncio, para que as Sereia e os Príncipes pudessem descansar.

No dia seguinte, as Sereias e os Príncipes agradeceram às Tartarugas a sua hospitalidade e recomeçaram a sua viagem. Passaram por barcos afundados, cheios de histórias para contar. Alguns ainda conservavam grande parte do seu esplendor. Tiveram pena de não se puderem deter para os explorar, para tentar encontrar os seus tesouros e os seus diários de bordo, ou para os puderem simplesmente admirar, com todo o respeito que certamente lhes era merecido. Aos barcos e às suas viagens e aos marinheiros que os amaram e que no mar perderam a vida, ficando para sempre com ele...
 Seguiram o seu caminho, cheios de visões de navios a sulcar as ondas, das grandes velas brancas içadas ao vento, de naufrágios, de canções de homens do mar e da sua esperança de chegar a algum lugar. ..

Passaram pelo território dos Peixes Dourados, dos Cavalos Marinhos, dos Corais Vermelhos, pelo Grande Reino de Cristal, onde viviam milhares de peixes transparentes, leves e velozes. Passaram vários mares, onde outros viajantes de todas as espécies marinhas se cruzaram com eles, enquanto seguiam os seus destinos.
 Todos eles tentaram ajudar os habitantes do Reino do Fundo do Mar, a encontrarem o caminho mais curto, que os levaria à gruta do Grande Búzio.

E, quando caiu a noite, encontravam-se junto às falésias dos Leões Marinhos. Foi lá que pernoitaram, na companhia destes animais amistosos, que descansaram e adormeceram ao som das ondas que batiam nas rochas e se quedavam de mansinho, quase silenciosas para não acordarem os exaustos viajantes.
O segundo dia amanheceu cheio de sol, com o céu e o mar de um azul claro e luminoso e, mais uma vez, as Sereias e os Príncipes reiniciaram a sua viagem, deixando para trás as falésias e os Leões Marinhos.

Foi pelo meio da tarde que avistaram a gruta. Tinha uma entrada imponente, em arco, cheia de ornamentos com motivos marítimos. Em cada um dos lados estava um Príncipe das Ondas. Eram os Guardiões da Gruta. Quando o grupo se aproximou os Guardiões saudaram-nos e explicaram:

- Estávamos à vossa espera. Entrem, vão sempre em frente, até encontrarem a Sala do Grande Búzio. Aguardando por vós, está o Rei Supremo. É ele que vos dará o Búzio para levarem para o Reino do Fundo do Mar e é a ele que o terão de devolver depois da festa em Homenagem ao Novo Tempo. Ele irá guardar novamente o Búzio numa outra gruta e actualizar o Mapa, para que tudo se renove no próximo milénio.
Agora vão. Não há tempo a perder.

Entraram, seguiram sempre em frente, como lhes tinham recomendado os Guardiões e, passado algum tempo, tinham diante dos seus olhos a Sala do Grande Búzio. Era uma sala de uma beleza sem par. As suas paredes mudavam constantemente de cor. Havia corais e plantas por todo o lado. Rochas, pedras e cristais brilhantes completavam a decoração. No centro, o Rei Supremo estava sentado num trono, e nas suas mãos repousava o Grande Búzio.

Assim falou o Rei Supremo:
- Sejam bem-vindos viajantes do Reino do Fundo do Mar. Mais uma vez, como já o faço há milénios, vos entrego um dos mais preciosos tesouros de que há conhecimento.
Que sejam dignos dele e do vosso Reino e que tragam sempre bem presente na vossa mente e no vosso coração o grande amor que sentem pelo mar.
Aqui estarei para receber de volta o Búzio e para o guardar durante mais um milénio.

De seguida estendeu as mãos e entregou o Grande Búzio a Amura. Ela sentiu a Luz que se soltava daquela concha mágica e guardou-o cuidadosamente.

Despediram-se do Rei e repararam que já era noite quando saíram da gruta.

- Podem descansar esta noite no Campo de Algas que se estende sem fim à vista, do vosso lado direito. Durmam descansados. De madrugada, nós iremos acordá-los, para que façam a vossa viagem de regresso. Diremos qual a melhor direcção a seguir, para que cheguem a tempo de colocar o Búzio no cimo da coluna – disseram os Guardiões.

E assim foi. Mal a madrugada do terceiro dia despontou, os Guardiões acordaram Amura,  Rana e os Príncipes. Indicaram qual a rota a seguir, despediram-se deles e viram-nos partir, permanecendo junto à entrada da gruta.

A viagem de regresso decorreu sem sobressaltos. Tiveram que nadar com todas as suas forças. Não pararam durante todo o terceiro dia e, quando o sol já desaparecera no horizonte, chegaram finalmente a casa. 

Foram recebidos alegremente pelo Rei e por todos os habitantes. O Reino estava mais belo que nunca. O Povo do Reino do Fundo do Mar tinha feito um trabalho extraordinário de preparação para os festejos.

No dia seguinte, o Rei colocou o Búzio no cimo da coluna da entrada do Reino, abriu a Caixa, da qual se soltou novamente aquela música mágica que a todos envolveu.
Ao fim de 7 dias realizou-se uma grandiosa festa. Todas as Sereias e todos os Príncipes estavam felizes. O mar embalava suavemente este mundo invisível.

E, todos os marinheiros de todos os barcos que por ali passaram nas suas travessias pelos oceanos, juraram a pés juntos, que nunca tinham avistado sereias mais belas, e mar mais sereno do que naquele dia.

A partir desse dia Amura soube que o Oceano faz parte dela e que nunca iria deixar de o amar.


                                                             Elsa Santos
                                              





O mar abriga numerosos Reinos Encantados, invisíveis aos olhos humanos.
Mas, se abrirmos o coração....eles aparecem diante de nós, Grandiosos, Mágicos, para nós navegarmos nas suas águas sagradas…

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

História da Pequena Aranha

Escrevi esta história para o meu filho, que me pediu uma história... de uma aranha!
Nota: Qualquer divulgação, deverá sempre respeitar a autoria da história.




A pequena aranha nasceu. Enroscou-se imediatamente na sua mãe. Sentiu o calor do seu corpo e um cheiro intenso a terra molhada. Tinha chovido recentemente e a teia tinha pequenos pingos de água, que reflectiam mil cores. Um pingo escorregou pelos fios habilmente esculpidos pela mãe e a aranha sentiu o fresco da água no corpo. Soprava uma brisa amena que vinha das montanhas e deixava no ar o aroma das florestas. A teia balançava suavemente e a pequena aranha acabou por adormecer...

De repente, sentiu um calor intenso. Viu então que caminhava sobre areia. Dunas e dunas a perder de vista. Douradas, escaldantes, sob a luz intensa do sol. O deserto! A pequena aranha sentiu-se desorientada. Que vastidão. Em que direcção deveria seguir?

Foi então que ouviu uma voz atrás de si:

- Andas perdida? Precisas de ajuda?


Voltou-se e viu um grande lobo branco. Estava sentado, tinha uns olhos cinzentos, profundos, que olhavam atentamente a aranha. Foi novamente o lobo que falou:
- O deserto é grandioso. Tens ideia de qual o caminho a seguir?

Não, não tenho – respondeu a aranha. Nem sei muito bem porque estou aqui. Nem para onde vou…

Acabaste de nascer – respondeu o Lobo. Esta é a tua primeira travessia. Eu estou aqui para te ajudar. Sou o Lobo Branco do Deserto e serei o teu guia. Para nos orientar teremos sempre a estrela polar. Quando olhares o céu e vires uma estrela grande, maior que todas as outras, mais brilhante, mais quente e que atrai o teu olhar como um íman… é ela de certeza. Segue sempre o caminho que a grande estrela te indicar.

A aranha ouviu atentamente.

Está bem – respondeu. Mas qual é o meu destino? Eu nem sei para onde vou!

- Tens de encontrar os 3 oásis perdidos. Cada um deles tem escondido um dos segredos da vida – disse o Lobo.
E continuou:  está a começar a escurecer, olha para o céu e vê se consegues perceber qual a direcção a seguir.

A pequena aranha olhou para cima. Sentiu-se minúscula, esmagada pela imensidão do universo.

Procura o teu ponto de luz, o teu ponto de partida, lembra-te sempre que fazes parte deste mundo sem fim – sussurou o Lobo.

E a aranha percebeu. Olhou de frente para a grande estrela. Não havia a menor dúvida: era aquela!
 E, a partir daquele instante, teve a certeza que havia de ter sempre aquela guia, luminosa, que a orientaria lá do alto.

A aranha e o Lobo caminharam lado a lado durante toda a noite e, quando a madrugada se transformava em dia claro e o sol já queimava, o Lobo parou no alto de uma duna.

É tempo de encontrares o primeiro dos 3 oásis. Já estamos muito perto – disse.

A aranha olhou em seu redor. Ao princípio não conseguiu avistar nada, a não ser mais e mais areia. Apurou a visão o mais possível em todas as direcções. Foi então que parou, olhando para sul:  tinha à sua frente o castelo mais belo que poderia imaginar!

 Feito totalmente de areia, mas mais dourada e reluzente que a areia do deserto. Erguia-se imponente. Tinha 4 torres encimadas por belas estátuas de figuras humanas, todas elas com os braços erguidos e tendo nas mãos um sol, no qual estavam gravadas algumas frases.

A aranha e o Lobo estavam agora muito perto dos portões do castelo.  Abertos de par em par, convidavam a entrar. E, instintivamente, a pequena aranha percebeu, ao atravessar a sua entrada, que aquele lugar era único… percebeu que pisava solo sagrado!
 Parou no meio de um grande jardim no interior do castelo. O jardim estava cheio de plantas, de árvores e de cascatas de água fresca. À sua volta, estavam as 4 torres, cada uma com o seu sol e as suas inscrições gravadas numa língua antiga.

O 1º oásis guarda o 1º segredo que terei de desvendar – pensou a pequena aranha. 

Como que adivinhando o seu pensamento, o Lobo, virando-se para a torre que estava mais perto deles, disse:
- É aqui que poderás aprender alguns dos ensinamentos que deverás guardar durante toda a tua vida. Não te esqueças deles nunca. Cada sol te dirá um pouco de um grande segredo. Se o entenderes bem, terás um dos maiores tesouros da vida.

E continuou:
O 1º Sol diz para nunca te esqueceres de apreciar e amar o seu calor… e a sua luz

O 2º Sol diz para nunca te esqueceres de apreciar e amar as florestas da Terra

E o 3º Sol diz para nunca te esqueceres de apreciar e amar os oceanos da Terra

E o 4º Sol diz para nunca te esqueceres de apreciar e amar todos os outros habitantes da Terra

O 1º segredo pequena aranha – esclareceu o Lobo – é para aprenderes a respeitar a Mãe-Natureza que te rodeia e todos os habitantes da Terra. Nunca te esqueças deste ensinamento.

Nunca o esquecerei – respondeu a aranha.


Hoje vamos descansar e apreciar a beleza do castelo e do seu jardim. Partiremos mais tarde em busca do 2º oásis – disse o Lobo.

No dia seguinte prosseguiram a caminhada. Depois de andarem o dia inteiro, avistaram 2 montanhas: uma grande, íngreme e muito alta. Outra mais pequena, de areia e que parecia muito mais fácil de subir.

O Lobo voltou-se para a aranha e disse:
- Tens 2 montanhas à tua frente. É este o 2º oásis, pequena aranha. Olha atentamente para elas e diz-me qual delas vais querer subir.

A aranha olhou as 2 montanhas. Achou completamente impossível conseguir subir a montanha mais alta. Era enorme, muito inclinada e agreste.

Vou subir a montanha mais pequena – disse a aranha e, determinada, iniciou a escalada. 

Mas, assim que começou a tentar subir, as suas pequenas patas escorregaram na areia. Quanto maior o esforço para subir, mais escorregava. Ao fim de algum tempo estava exausta. Descansou um pouco e tentou novamente. Ainda pior! A areia começou a cair do alto da pequena montanha e tapou completamente a pequena aranha, que se viu aflita para sair dali.

Voltou para junto do lobo.
Não consigo – disse desanimada.

O Lobo olhou-a demoradamente:
- Tentaste subir a montanha mais pequena, porque julgaste que era mais fácil. Achas que por seres pequenina, não consegues subir a montanha mais alta. Pois eu digo-te: vamos subir a montanha grande juntos. Vais ver que consegues e lá em cima terás uma surpresa!

E o Lobo começou a caminhar seguido da aranha. A subida foi difícil, mas o lobo foi encorajando a aranha, ajudou-a nos sítios mais difíceis e, depois de uma longa escalada, chegaram ao topo. A pequena aranha estava muito cansada, mas sentia-se a maior do mundo !

Consegui – disse entusiasmada. Tinhas razão Lobo do Deserto. Estou no topo da grande montanha. Obrigado pela tua ajuda.

De nada ! – exclamou o Lobo. Achavas impossível subir esta montanha gigantesca e, no entanto, conseguiste. Às vezes escolhemos o caminho que parece mais fácil e afinal essa não é a estrada certa a seguir.
 É preciso ACREDITAR REALMENTE que conseguimos fazer as coisas, mesmo que ao princípio pareçam impossíveis…
É este o 2º segredo que deverás sempre lembrar durante a tua vida !

Nunca o esquecerei ! – respondeu a aranha, olhando o céu.

Já percebeste qual é a surpresa de que te falei? – perguntou o Lobo.  Olha atentamente o céu.

A estrela polar ! – exclamou a aranha. Estou tão perto dela! Parece que se me esticar muito, muito, consigo tocar-lhe.

É verdade – disse o Lobo – vês como valeu a pena o esforço da subida? !
Vá, agora vamos descansar. Amanhã teremos que encontrar o 3º oásis.

A aranha olhou mais uma vez a grande estrela guia. Sentia-se muito feliz e adormeceu rapidamente debaixo de um céu cheio de estrelas.

No dia seguinte partiram novamente. A pequena aranha gostava muito da companhia do Lobo. Era um verdadeiro amigo e ela começava a aprender o valor inestimável de uma amizade.
Conversavam animadamente, quando de repente, começaram a ouvir uivos de lobos ao longe.

Não te preocupes – disse o Lobo – estamos já muito perto do 3º oásis.

A pequena aranha viu então, lá ao longe, um grande lago de água brilhante, rodeado de árvores e plantas rasteiras. Vagueando por este oásis havia vários lobos.

É a minha alcateia – disse o Lobo do Deserto – aguardam o meu regresso.

Os lobos reuniram-se em redor do lago e deram as boas vindas ao seu líder e à pequena aranha.

Sê bem vinda ao 3º oásis, esperemos que aprecies a tua estadia connosco. Preparámos um jantar para celebrar o regresso do Lobo Branco. Junta-te a nós – disserem os lobos.

Muito obrigado – respondeu a aranha.

O jantar decorreu alegre. O Lobo contou algumas das suas muitas aventuras. Os lobos estavam contentes por ele ter voltado, apreciavam a sua companhia e sabedoria.

Nessa noite, quando a aranha já estava muito cansada e quase a dormir, o Lobo segredou-lhe ao ouvido:
- O 3º segredo, pequena aranha, é conseguirmos VER as coisas importantes, aquelas que não se vêem com os nossos olhos. Na nossa alcateia unem-nos laços de amizade e de entreajuda muito fortes. O nosso grupo é muito importante para cada um de nós. O amor das mães para as suas crias é infinito. Todos estes sentimentos não se vêem, só se sentem. O mais importante de tudo é aprenderes a viver através do coração. É como o vento que sopra. Não o vês, mas podes senti-lo! Boa noite, pequena aranha, sonhos de todas as cores!

A aranha acordou ! Ainda sonolenta, espreguiçou-se e olhou à sua volta.
Não viu o Lobo, nem a alcateia, nem o oásis...

Estava, isso sim, ao colo da sua mãe, na teia onde nascera!

Mãe – disse ela – voltei! Estou outra vez ao pé de ti! Nem me lembro como cheguei até aqui novamente. Tenho que te contar as minhas aventuras.

Meu Deus – sorriu a mãe – que aventuras? Tu estiveste sempre aqui ao pé de mim!

Não estive não – indignou-se a aranha – andei pelos 3 oásis perdidos, a aprender os segredos da vida com o Lobo Branco do Deserto.

Ah! O Lobo do Deserto, esse grande amigo… – disse a mãe.

Tu conheces o Lobo, mãe? – pasmou a aranha.

Claro, meu filho – respondeu ela – quando eu era pequenina, o Lobo também me acompanhou em sonhos, nas minhas aventuras pelo deserto, também me ensinou os grandes segredos da vida. O Lobo é um Grande Sábio. Nunca te esqueças do que ele te ensinou. E, quando fores grande, vais ver que os teus filhos também hão-de conhecer o Lobo. Ele gosta muito de ensinar as pequenas aranhas.

E agora, vamos até à beirinha da nossa teia ver o nascer do sol. Vais ver que vais adorar...

Autoria:  Elsa Santos

sexta-feira, 10 de junho de 2011

I SEE YOU !


Lembram-se do AVATAR quando Ela lhe diz: I SEE YOU !
Lembrei-me hoje dessa cena do filme...
E sonhei...
Sonhei com um Mundo em que quando olhamos nos olhos de alguém
conseguimos VÊ-LO/A !
Conseguimos ver a sua Alma
as suas Cores...
Conseguimos ver todas as possibilidades
toda a plenitude
o infinito e eterno dentro de cada um...
Conseguimos SENTIR dentro de nós a conecção com o outro,
seja bicho, seja gente, seja rio, seja árvore,
seja água, fogo, terra ou ar...
Imaginem a ilusão a partir-se em mil pedaços
o feitiço do entorpecimento a desfazer-se...

E nós a sonharmos um Novo Sonho

E ficamos nús à Luz do Sol...
Voltamos a SER Crianças Douradas
Filhas do Céu e da Terra
a sentir os ritmos e as danças das estrelas...
Caminhamos descalços na Terra
Recordamos os dons que nos foram concedidos pelos Deuses
e contemplamos TUDO como se fosse a primeira vez,
recriando a cada segundo a arte de VIVER !

I SEE YOU !

segunda-feira, 25 de abril de 2011

OBRIGADA à MÃE !


Querida Mãe Gaia:

Algures no Tempo Cósmico
através do Sopro Sagrado da Deusa
deste Vida a uma Criação Divina
e nasceu uma Pérola Cristalina
que conhecemos como TERRA.

E, como Mãe Criadora,
o Teu Útero
gerou os Oceanos
as Florestas
os Desertos
as Montanhas
os Rios
e acolheste todos os Seres
que se sentiam honrados em te chamar de MÃE...

Ouvindo o Chamado
Povos Estelares,
Sementes de Estrelas
dos 4 cantos do Universo,
vieram experienciar e Criar Vida
neste Pontinho Azul Mágico
em viagem contínua pelo espaço...

O Ventre da Mãe explodiu em milhares de cores e formas...
e ELA a TODOS acolheu como Filhos
Amando, nutrindo, embalando-os nos seus braços.

E Todos se sabiam UNOS entre Si
Com Gaia
e com o TODO.

Os Humanos
todos os Animais
as Árvores
os Cristais
Um Só Coração...
que pulsava ao mesmo ritmo.

Um dia o Homem,
Filho das Estrelas e da Terra
adormeceu profundamente...
e assim ficou por tanto e tanto tempo...
afundado numa noite escura
sem Lua que a iluminasse...

Sonhou-se sozinho,
perdido,
sem Céu e sem chão....
Partiu-se em mil pedaços,
esqueceu a sua LUZ
e apagou a Alma...

Até que a Mãe penetrou
neste entorpecimento dos Homens,
cantou com as notas do seu Coração,
emanou a sua Canção Mágica
para cada canto da Alma dos seus Filhos...

E as Centelhas Divinas
começaram a brilhar novamente...
ténues,
frágeis...

Mas foram acendendo-se,
uma a uma...
Quem despertava,
acordava os seus irmãos,
entoando os cântigos que ainda ressoavam na memória distante...

Gaia sorriu...
como só ELA sabe Sorrir !
E num extase de criação
deu à luz um Novo Mundo !!!

De dentro de Si Própria
brotou tanta LUZ
que ficou escrito no Livro da Vida,
que algures no Tempo Cósmico,
Gaia parou o Universo durante um piscar de olhos
para que todos pudessem contemplar
o nascimento de uma TERRA repleta de ESTRELAS em expansão,
uma Terra que iniciou uma nova viagem...
repleta de outras aventuras
e de outros Sonhos...

Sonhos, sonhados dentro do Arco-Iris...


E hoje, antes de dormir e sonhar
só queria dizer OBRIGADA à Mãe.
E ELA sabe o quão profundo é este OBRIGADA !